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4º dia - Almeida - Alfaiates- Penamacor



segunda, 20Set2010

O primeiro dia só a três e a mania das grandezas de grandes atletas (que não somos) fez logo estragos, começamos com uma etapa programada de 50 km e acabamos já de noite com 102km e o isolamento da Serra da Malcata atravessado.
Saída cedo da GNR de Almeida, 6H30; para entrarmos na GR22, sempre em estradão rolante que nos levou num instante até Alfaiates fizemos um reforço com sandes mistas no Café Ronda, e fruta na mercearia. Até aqui eu vinha a sentir-me ligeirinho, até o Saca Saca, (para estragar tudo), reparou que eu e o Trepador vínhamos com as camisolas trocadas: "- Pois então era por isso…"
Com a mania que andamos muito, lá resolvemos forçar o andamento e continuar pela Serra da Malcata dentro.
Parque natural da Serra da Malcata, terra do famoso Lince Ibérico, para quem não conhece, é igual à Serra de Valongo, piso igualzinho e a paisagem tirando a vastidão e o isolamento é bastante idêntica.
Mas agora já lá estávamos tínhamos que sair com a luz do sol a ir-se e a civilização parecia não aparecer, até entrarmos nuns estradões, em pó muito fino por causa dos camiões madeireiros que por ali passavam (não percebi muito bem que tipo de Parque natural é aquele, onde andam máquinas a cortar as árvores). Pelo menos pela zona onde passamos, não fiquei fâ deste Parque .
Até chegarmos finalmente, cheios de pó por todo o lado, a uma estrada por onde seguimos até Penamacor, onde já chegamos de noite, comigo a ficar para trás para reparar um furo (que afinal eram 4 na roda da frente) e os meus dois companheiros a irem pedir guarida aos Bombeiros V. de Penamacor, onde recebidos pelo Bombeiro Leal, atenciosamente nos deixou ficar na camarata do piquete.

Pedro "Trilhos"

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***E foi assim, com muita pena nossa, que a nossa Aventura deixou de ser composta por 5 Atletas do Bike17Eco e ficamos entretanto os 3 da Velha Guarda, Pedro “Trilhos”, Pimenta “Saca Saca” e a minha pessoapara tentar concluir o nosso périplo. Posso dizer-vos que é uma sensação estranha e um pouco melancólica acordar no dia seguinte e preparar tudo para iniciar a etapa, não contando com os nossos amigos do costume, fica uma sensação enorme de vazio. Mas tínhamos de continuar esta descoberta, por eles também.

***A etapa até Alfaiates prometia o seguinte: 54 Kms, 627 Mts em subidas, Dificuldade média (era considerada a mais fácil da Travessia) , apelidada da Rota dos Contrabandistas, desenrolava-se no grande planalto para além do Vale do Côa e segundo os entendidos, predominavam os bons pisos.
***Analisados todos os pormenores, achamos melhor sair mais cedo desta vez, pelas 06H30, para chegar cedo a Alfaiates, no Concelho de Sabugal. Numa tentativa de ganhar tempo na etapa, ainda era capaz de dar para atravessar a Serra da Malcata, outro local considerado um ex-líbris da Travessia. Logo se veria. O pequeno-almoço foi tomado no Posto da GNR, com o que tínhamos comprado no dia anterior. Saudações madrugadoras à malta, eram horas de arrancar para mais um dia. Bem hajam, caros Guerreiros de Almeida, pela sincera hospitalidade e cortesia demonstrada com estes humildes Betetistas
***O Físico: depois de três dias intensos, a malta já acusava algum desgaste natural dado o acumular do peso das mochilas. Pessoalmente, já tinha recorrido ao Halibut pois começava ter ligeiras assaduras junto da virilha, fruto da constante fricção no meu selim. Os meus companheiros estavam um pouco melhor do que eu.
***Iniciamos pela Estrada Nacional 332, com tempo excelente para pedalar, andamos cerca de 11 kms e daí entramos por trilhos, Confirmava-se o bom piso, sempre rolante, entrando na Grande Rota GR22, com paisagens diferentes das etapas anteriores mas não menos singulares Amigos.***Passamos pela Aldeia da Ribeira, aproximando-nos rapidamente de Alfaiates, vila histórica com 700 habitantes.***Por volta das 11H, sem darmos conta, chegamos ao primeiro objectivo traçado, Alfaiates, com o seu castelo a receber-nos de braços abertos à entrada da Vila.
***Quem não é para comer, não é para pedalar, era tempo de recarregar as baterias no Snack Bar Ronda, com colas e sandes de fiambre e mistas com fartura, situado numa praça da vila, junto à estrada nacional 233, local onde existe também um multibanco e uma mercearia.
***Era tempo de aquecer os ossos ao sol e descansar as costas e rabos nos bancos do povo. Qual olho de águia inveterado, eis que o Pimenta repara nos nossos jerseys:
Bem me parecia que alguma coisa não batia certo, o Trilhos já tava cheio de moral a pensar que tinha ganho a forma E eu que fiquei ainda mais a nadar no roupão
*** O Pedro Trilhos, astuto estudioso de mapas e GPS, colocou as cartas na mesa a ver se queríamos ganhar tempo : até Fóios, porta de entrada da Serra da Malcata, e por estrada, tínhamos cerca de 18Kms, a maior parte em subida, não ia ser fácil. Depois de Fóios, teríamos que atravessar a Serra da Malcata, que era referenciada como o último contacto com a civilização, seguindo-se muitos Kms em perfeito isolamento. Chegar a Monfortinho hoje, ganhando uma etapa quase de descanso, seria muito difícil – tínhamos reservado em Monfortinho três quartos nas Colónias de Férias da PSP para o dia 21- contudo Penamacor ficava relativamente próximo da saída da Serra, era uma boa opção.
*** Penamacor será, retomamos a estrada, direcção Fóios, com passagem pela Aldeia Velha e Aldeia do Bispo, altura em que, após uma paragem junto a uma antiga discoteca, para o Trilhos experimentar Outra Nova técnica, a de vestir dois calções sobrepostos para tentar suavizar as dores no dito cujo, colocou a máquina fotográfica em cima de um muro, só dando conta 3 ou 4 kms depois de uma subida bem puxadinha. Sem outro remédio, lá teve que voltar para trás. Eu e o Pimenta ainda oferecemos os nossos préstimos mas ele estava em grande forma e “dispensou-nos”. Não nos fizemos rogados Amigos e lá esperamos pacientemente deitados na berma da estrada quais lagartos ao sol a praticar descanso.
***Regressado o Pedro Trilhos da bruma, lanchamos ali mesmo na berma, retomando o caminho até Fóios, onde chegamos pelas 14H30.
*** Local para almoçar em condições em Fóios não havia (ou não encontramos) pelo que por volta das 14H50, entramos finalmente na Reserva natural da Serra da Malcata, em busca do Lince Ibérico, com grande entusiasmo de todos e em particular do nosso Homem da "GreenPeace" oficial, Pedro "Trilhos".
***Mal entramos nas suas profundezas, demos logo com este cenário, deixando o Pedro à beira de um ataque de nervos .
***Minha impressão desta Serra: se calhar tivemos azar no local em que resolvemos atravessar a Malcata, junto à fronteira com Espanha, mas o piso era na sua maioria francamente mau, até comentamos que parecia a Serra de Valongo em 2ª versão, com muita pedra solta, com trilhos de sobe e desce constante, a perder de vista e algos monótonos, com muita pouca sinalização, sendo muito fácil alguém perder-se ou desorientar-se nesta imensidão (factos confirmados pelos Bombeiros de Penamacor na nossa pernoita). Confesso-vos que assusta um pouco. E o ganda maluco do Pedro "Sr. Engenheiro" Cintra que há de cá passar sozinho mais tarde (outras estórias a serem contadas Amigos...) Mas as panorâmicas tinham este aspecto, entre outras, beleza sui generis.
***Andamos bastante e parecíamos que não saímos de sítio, com descidas fulgurantes e perigosas e autênticas paredes, o sol também já mostrava a sua timidez, até que chegamos à uma intersecção em que o GPS indicava a descida para a Estrada Municipal 569. Aproveitamos para descansar e fazer o respectivo lanche, na cuca de algum Lince aparecer e dar as boas vindas a esta malta. Iniciamos a descida a todo o gás e tivemos mais uma supresa, 3 kms de autêntico trilho de pó, deixado pelos camiões de terraplanagem. Em algumas partes parecia gelo tal era a altura do pó acumulado. Saímos da Serra da Malcata em Safurdão, eram 18H e muitos, com direito a mais um furo do Trilhos.
*** Até Penamacor, eram 12Kms por estrada, local onde chegamos já ao cair do dia e bastante desgastados claro. Já nos encontrávamos no Distrito de Castelo Branco, impressionante só de pensar nisso Amigos.
*** Ainda tínhamos de resolver as dormidas, subimos para a Vila - que mania que estes Lusitanos tinham de construir as povoações no alto -e contactamos os Bombeiros Voluntários de Penamacor, na pessoa estimosa do Bombeiro Leal, ilustre Combatente da Paz e adepto do BTT, e explicado que foi a nossa aventura do dia e restantes, como vai ser regra nesta Aventura, solicitou autorização superior para nos acomodar nas camaratas do Piquete, que foi concedida de forma altruísta. Aproveitamos para conversar com o mesmo sobre as nossas aventuras e desaventuras, foi aí que ele nos indicou terem salvo uns dias atrás uma pessoa que esteve perdida na Serra da Malcata (porque será?). Tivemos direito a duches e lavagens de bikes com alta pressão. Bem Hajam, Ilustres Combatentes da Paz deste meu País, pela vossa dedicação e altruísmo
*** Já era tarde e tínhamos de tratar de jantar antes que fechassem as portas. As compras na mercearia foram feitas quanto antes para o dia seguinte.
***O jantar foi no café restaurante O Jardim, comemos Carne de Porco, 21€ / 3 pessoas, mais uma vez o tacho aprovado.
***Resumindo o nosso dia, tinhámos ganho muito terreno, ultrapassando a Serra da Malcata, a custo do cabedal é verdade, mas amanhã eram só 40 kms até Monfortinho, local onde poderíamos fazer uma espécie de etapa de descanso, e bem precisávamos Amigos.
*** A noite passada na Camarata do Piquete dos Bombeiros deu razão ao Pedro "Trilhos", que trouxe consigo uns tampões para os ouvidos. Tivemos direito a Sinfonia de Mozart em Requiem a noite toda Mas que eu saiba, eu não ressono quando estou a dormir.... Que eu saiba!

Bem Hajam. Sousa "O Trepador"

2 comentários:

Joao Mouteira disse...

Espero que não seja da MALAPATA. Vejam lá se não vos papam, é que isto à cada bicho, que nunca se sabe.Mais tacho, pois claro...

Anónimo disse...

Esses trilhos são de desconfiar...e as subidas?
Santiago