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2º dia - Sendim - Freixo de Espada à Cinta



sábado, 18Set2010


Dia de Sol para secar o espírito que já estava a ganhar mofo com a chuva toda do dia anterior.
E nada melhor para começar do que um pequeno desvio, para nos obrigar a fazer puro btt e andar a cortar caminho pelo meio do mato (o costume…).
Chegada a hora da comidinha é que nem vê-la, restaurantes cafés ou coisa parecida é coisa que não há para estes lados.
Paramos em Ventozelo no café Santa Cruz, onde não havia nada para comer a não ser umas batatas fritas em pacote, bebemos umas frescas e conversamos com os habitantes, um deles estava “como o aço” e levou a mal o facto do responsável do café ter perguntado donde nós éramos, Hás-de ter muito a ver muito com isso!!!!
Acabamos por almoçar no meio de uma rotunda lá para os lados do fim-do-mundo a comer o que traziamos.
A partir daqui, era procurar o ponto alto do dia o Miradouro do Carrascalinho, perto de Lagoaça, só que mirouro nem vê-lo.
Só a chegar a Mazouco ( terra do Rebanda, a quem ainda ligamos a ver se o enganavamos com o lanche), pudemos apreciar a vista sobre o Rio Douro e aproveitar para reparar o segundo furo do dia, na Scott da Sónia, (Eu também já tinha furado, parece que só as Scotts furaram), para depois fazer a descida vertiginosa até Mazouco, depois até Freixo foi um tirinho.
Ficamos na Pensão Fatibel, onde tivemos que deixar cerca de 13 mil euros em bicicletas dentro de uma carrinha, pois não havia outro sitio na pensão para as guardar
Ao jantar a fome era tanta que até deu a breca no dedo polegar do "Fugas" de tanto agarrar o garfo.
Em seguida fomos ao posto da GNR, onde contactamos com o Soldado Miranda Roma que nos contactou o posto de Almeida e confirmou-nos a pernoita para o dia seguinte, explicou ainda que as ocorrências naquela zona eram só furtos de porcos ou de ovelhas e que as bikes na carrinha estariam em segurança.
……

Pequeno-almoço: na Gabriela, muito bom
Almoço: no meio de uma rotunda depois de Algozinho pois restaurantes nem vê-los!
Jantar: em Freixo, no restaurante A Cabana, mega jantar, prego em prato (posta) com massa e sobremesas (mousse com natas e framboesas), (13€ a cada um).
Dormida e banhos: Pensão Fatibel em Freixo, quarto com 3 camas sem pequeno-almoço, 42,50 / 3 pessoas. Bikes guardadas dentro de uma carrinha na via pública.

Pedro "Trilhos"
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***Caros Betetistas, como compreendem, a alvorada não foi fácil. Para ninguém.
Mas ao levantar a persiana e ver o sol a brilhar em todo o seu esplendor, numa etapa que se previa de rompe pernas e de dificuldade média (etapa enganadora, é um sobe e desce constante), mas percorrida em pleno Parque do Douro Internacional, com paisagens e trilhos ímpares como vão constatar, cedo a boa disposição reinou, reforçada pelo bom pequeno almoço servido na Pensão Gabriela. Bem haja Lurdes e familiares pela hospitalidade e boa disposição e ânimo transmitido. Oh Meu Bravo Povo Lusitano, orgulho-me do teu bem receber
***Nesta etapa e segundo o seu estudo prévio, tínhamos como principais pontos de referência e míticos: Urrós, a Calçada da Bemposta, Lamoso, Vila de Alá, o Miradouro do Carrascalinho, Lagoaça e a Descida vertiginosa para Mazouco.
*** A esta altitude e apesar do sol, não há milagres, o tempo estava bem ameno, pelo que toca a começar a pedalar para aquecer em direcção a Urrós. A Sónia também se sentia bem fisicamente, o joelho só uma ou duas vezes se tinha manifestado.
*** Hoje pelo menos ninguém vai gozar comigo, com o meu Protector Solar e respectivo carregador.
Alguns dados pertinentes durante esta Travessia: todos os dias abastecíamos em mercearias, em bens alimentares e líquidos, claro está que a mochila não emagrecia no peso mas fomos “salvos” em muitas situações, dado a natureza isolada do percurso e horas madrugadoras no arranque de muitas etapas. Hoje foi uma delas como verão adiante. Também levamos um mapa de Portugal que nos deu muito jeito para traçar destinos e escolhas de etapas.
*** Começamos bem o dia com o nosso expert oficial na navegação, Pedro Trilhos, a enganar-se no percurso, descemos para caramba num trilho até que chegamos mesmo ao fundo do seu poço o que deu naquilo que os Amigos do Bike17Eco costumam apelidar de PURO BTT, ou seja, andar a desbravar mato com a burra às costas, saltar vedaçõe, etc… Deu para o Sérgio Fugas pôr a conversa em dia com um agricultor que já tinha começado há muito o dia no seu labor.
***Lá voltamos ao trilho certo até Urrós, onde paramos num café para abastecer e para a respectiva ingestão de cafeína, daí entramos num estradão largo e rolante e depois por estrada em direcção à Bemposta e sua famosa calçada romana. Estávamos todos a desfrutar e muito do percurso e toda a zona envolvente. Um silêncio regenerador pairava por aquelas terras, o ar puro purificava-nos em todo o seu esplendor, o sol aquecia-nos a alma, idílico meus Amigos. Pessoalmente, fiquei completamente fã de toda esta região do Douro Internacional, que não conhecia até á data, só em fotos e relatos longínquos. Contudo também cada vez mais nos apercebíamos do completo isolamento e desertificação destas populações, com o lado bom e mau que isso comporta.
***Entramos num trilho na Bemposta, descendo até à Ponte Romana, aí começava a Calçada. “ Acho que tem 80 Metros de subida”, diz um ilustre iluminado Betetista Não são 80 amigo mas sim 800 Mts. Muito difícil de subir montado para não dizer impossível, só algumas partes. Dava logo ali para registar uma nova patente do Pedro Trilhos: Novo Método para Subir Calçadas Romanas.
*** Depois da Calçada, passamos por Lamoso, entramos novamente em trilhos, com direito á primeira degustação da amoras da Travessia.
E também ao primeiro furo da Travessia na novíssima máquina do Pedro Trilhos! Não compra Bikes em condições e depois dá nisto.
*** A fome para o almoço já apertava, chegamos a Algosinho, começa a busca para um possível restaurante ou café para o almoço e pelo meu respectivo Tango, famoso néctar que me dá forças supernaturais e que vai fazer também história nesta Aventura. Já sabem qual o desfecho previsível ou não? Encontramos um habitante que nos fez a revelação que não queríamos ouvir: restaurantes e cafés aqui muito próximo não há nada! Não vai haver tangos para ninguém… E como sabem, o BTT abre-nos bastante o apetite, prova feita nesta Travessia em que parecíamos Leões á mesa.
*** Sem outra opção imediata, fizemos um lanche improvisado, recorrendo ao fundo de maneio da mercearia, no meio de uma rotunda, em que passava um carro de hora em hora talvez, não sendo incómodo para estes Artistas.
*** Barrigas meias cheias, fizemos uma Paragem na aldeia de Ventozelo, onde por sorte “achamos” o café Santa Cruz, mas não havia que comer a não ser umas batatas fritas em pacote, bebemos umas cervejas frescas e conversamos com os nossos concidadãos sobre a nossa epopeia e outras estórias. Aí mais um episódio singular: um deles estava alcoolicamente bem disposto e levou a mal o facto do responsável do café ter perguntado donde nós éramos, “Hás de ter a ver muito com isso, perguntar donde eles são” disse ele ! Ui, Ui, Era a nossa deixa para zarpar.
***Próximo destino: Miradouro do Carrascalinho perto de Lagoaça. Se alguém sabe as coordenadas do Miradouro, p.f, enviem-nos pois não demos com ele ou então passamos ao lado pois até à Central eléctrica antes de descer para Lagoaça, fomos por estrada. Mais uma curiosidade que ficou registada no Bloco de Notas mas ficamos com um sabor amargo em não encontrá-lo pois as fotos que eu vi era espectaculares…
***Entramos em trilhos antes de Lagoaça, continuando em direcção a Mazouco.
***Finalmente, chegamos a um dos ex-libris desta Travessia, a vista sobre Mazouco, terra de um colega nosso, Rebanda, e de facto ficamos siderados com tamanha imponência e vastidão e acalmia sobre o Douro. Uma retrato de cortar a respiração. A descida era mencionada como vertiginosa, confirmou-se, entretanto surgiu um furo á Sónia que teve que ser reparado antes de prosseguir.
*** Passamos por Mazouco, ainda ligamos ao Rebanda a ver se ele estava por aqui de fim-de-semana mas era negativo, safou-se de pagar o lanche e entramos novamente no trilho para os restantes 10/12 Kms até Freixo. Por esta altura, acusávamos já o desgaste de sobe e desce constante do dia, a Sónia já travava a sua luta pessoal com as dores no joelho.
*** Chegada á Vila histórica de Freixo, com uma subida final dos diabos, onde procuramos a Pensão fatibel e onde fomos bem recebidos pela dona, que fica junto á adega cooperativa de Freixo e que é também posto obrigatório de passagem dos atletas da Transportugal, local da nossa reserva para a noite. Detalhes: Dormida e banhos: quartos excelentes com 3 camas (no nosso caso) sem pequeno-almoço, 42,50 / 3 pessoas. Porém as Bikes tiveram que ficar guardadas dentro de uma carrinha na via pública, frente à pensão, ideia que não nos agradava mas era a única solução possível. Alguém ia ficar de plantão esta noite…. Aproveitamos para abastecer de bens na mercearia que fica a dois passos da Pensão.
*** O Jantar foi no restaurante denominado A Cabana, um mega jantar, prego em prato (posta) com massa (a nosso pedido) e sobremesas (mousse com natas e amoras), (13€ a cada um). Até deu a breca no polegar ao Sérgio Fugas, tal era o apetite da malta. Tango é que nem vê-lo pois não havia groselha mas estão perdoados dada a qualidade.
*** Depois do jantar, demos uma volta na vila, procurando também a GNR de Freixo, pois tínhamos necessidade de saber qual era a disponibilidade dos colegas da GNR de Almeida, onde acabávamos a etapa amanhã e onde era a despedida da Sónia e do Sérgio, em nos receber. Falamos com o Soldado Roma, astuto guerreiro que em tempos longínquos trabalhou para os nossos lados, o qual contactou o posto de Almeida e confirmou-nos a pernoita, ficamos ali todos em amena cavaqueira. Bem hajam Caros Soldados pelo altruísmo demonstrado.
***Seguiu-se o recolher obrigatório. Era tempo de reviver em sonhos os dias até lá percorridos. Amanhã esperava-nos uma das etapas mais duras mas também uma das mais bonitas.

Bem Hajam. Sousa “Trepador”

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